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sábado, 18 de junho de 2011

QUANDO O PASTOR VAI PARA O DESERTO

Não preciso recapitular a vida intensa que o rei Davi levou. O homem chamado "Segundo o coração de Deus" viveu desde bem jovem a experiência da vida pastoral, quando cuidava das ovelhas de seu pai. Não é o mesmo privilégio que nós pastores recebemos? Cuidar das ovelhas do Pai celestial.

Numa época em que Saul 'defendia' seu trono com unhas e 'lanças'; o pastor de Israel se via fugindo de cidade em cidade. O inimigo queria, a qualquer custo matá-lo. Em meio a 'correria' que era sua vida, pôde salvar toda uma cidade, chamada Queila, da maldade dos filisteus (1 Samuel 23). Saul o localiza por aquelas regiões e cerca toda a cidade. Davi ainda tem o cuidado de consultar o Senhor, recebe direcionamento, mas está exausto e ainda precisa sair apressadamente de Queila "sem rumo certo" (v.13). É a hora em que o pastor entra no deserto (v.14). Num profundo estado de isolamente e escassês. Nada parece fazer sentido nesse lugar.

Cá pra nós, pastor! Nunca viveu momento semelhante? Nunca se viu em extrema agitação e ativismo, sentindo-se precionado e cercado pela igreja que quer ver resultados? E oprimido pelo diabo? Momentos em que não sabe o que se faz! Nos vemos num deserto funesto, precisando urgentemente de descanso, de colocar as emoções em ordem; e o mais importante: Compartilhar com alguém, abrir o coração com um amigo. Quanto precisamos sentir o cuidado de Deus sobre nossa vida.

Eu vivi esses momentos, sei como é! Ansiamos falar com alguém, como Jó desabafou em sua dor: "Falarei para que ache alívio". Dependemos falar, ter contato para sermos fortalecidos. Como ser fortalecido nessa hora? Deus sabe como!

Os versículos 16 a 18 narram:

"Então, se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi, a Horesa, e lhe fortaleceu a confiança em Deus, e lhe disse: Não temas, porque a mão de Saul, meu pai, não te achará; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo, o que também Saul, meu pai, bem sabe. E ambos fizeram aliança perante o Senhor. Davi ficou em Horesa, e Jônatas voltou para sua casa".

Em crises intensas e momentos de desertos, todo pastor precisa de um Jônatas, que o procure mesmo nos difíceis esconderijos do deserto. Nos desertos da vida o pastor precisa de fortalecimento na confiança em Deus, porque ela também esmorece de vez em quando. Somos tão humanos quanto qualquer outra pessoa. Pastores precisam que outros pastores liberem palavras de conforto e ânimo, que esteja ao seu lado; ainda que contrarie a lógica (de ir contra o próprio pai para proteger o amigo); e que profetize os propósitos de Deus para o seu ministério, que seja boca de Deus na vida do pastor no deserto. Que firme pacto de amizade e que o coloque num patamar de importância, que ministre amor e cuidado (v.18).

Vejo algo incrível acontecer nessa história: Jônatas voltou para sua casa; mas Davi continuou no deserto, mas com o coração diferente, com a perspectiva de que alguém se importava com um pastor no deserto, em dificuldades.

Alguns anos depois, quando Saul e Jônatas eram já mortos, podemos encontrar o resultado do trabalho pastoral de Jônatas sobre a vida de Davi. Em 2 Samuel 3.1 lemos: "Durou muito tempo a guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi; Davi se ia fortalecendo..."

Alguém fortaleceu aquele pastor no deserto porque sabia que seu ministério seria grande e promissor, ainda que não vivesse para ver o que Deus faria na vida do amigo. Nada mais precioso do que cuidar de um pastor no deserto!

De pastor para pastor!

Silvio Duque
   

 

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