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Uma página aberta para a reflexão e restauração da saúde do pastor e de sua familia.

sábado, 27 de agosto de 2011

PASTOR E AMIGO

Leia parte da entrevista que Eugene Perterson concedeu à Revista Cristianismo hoje destacando a importância dos relacionamentos no ministério.

Eugene Peterson, como qualquer pastor, já teve lá suas crises existenciais e ministeriais. A primeira foi no início de sua trajetória – achava o pastorado complicado e não sabia bem como atender às expectativas das pessoas. Depois, foi confrontado pela própria vocação. Preferia seguir pela vida acadêmica, mas em determinado momento, viu-se diante do púlpito. Também teve de aprender a lidar com as ovelhas, ou seja, como se relacionar com aqueles a quem liderava. Isso, sem falar nos problemas e angústias que os colegas de ministério vinham lhe confessar. Tudo isso fez de Peterson um “pastor de pastores”.

Como o pastor pode manter limites apropriados entre o exercício de sua vocação e sua vida pessoal?

Essa palavra “limites” tem vindo à tona através das disciplinas psicológicas. Parece-me que é uma maneira de evitar a dificuldade, de contornar a ambiguidade. Você sempre sabe onde está, sempre conhece o limite, e deixa as pessoas virem até onde querem, mas não vai deixá-las ultrapassar essas fronteiras. Lembro que uma vez entrei no escritório da igreja e encontrei lá algumas mulheres que estavam fazendo um boletim informativo. Tínhamos, na ocasião, uma filha que estava nos dando alguns problemas extras, naquela fase de confrontar os pais. Então, eu fiz um desabafo, dizendo estar uma fera com isso e até que eu nem queria ser pai. Quando saí, uma daquelas irmãs me repreendeu, dizendo que todas ali já tinham problemas de sobra para manter as próprias vidas e famílias juntas. “Agora, teremos de ajudar você a manter sua vida em família? Isso é demais”, disse. E ela estava certa. Há algumas coisas totalmente inadequadas a um pastor, como se irritar ou se descontrolar. As pessoas simplesmente não entendem tal comportamento num ministro do Evangelho. A vida pastoral tem de ser uma vida relacional – quando você vive assim, não tem limites como tal. Você tem habilidades, intimidade. Aliás, não gosto dessa separação da vida pastoral e pessoal, atuação congregacional e formação profissional.

Quando fala em vida relacional, o senhor quer dizer que o pastor deve buscar construir amizades entre sua congregação?

Sim. Eu amo a passagem de João 13.17, em que Jesus está no Cenáculo, em sua última noite com os discípulos. Ali, ele os chama de amigos, e não de apóstolos ou discípulos, que são palavras que definem algo meramente funcional. Apenas amigos – e ele repete isso por três vezes. Os pastores deveriam meditar sobre isso. Em vez de se concentrarem em suas funções, suas técnicas, estratégias e visões, que relaxem. Basta apenas estar lá com as ovelhas, aprendendo a serem amigos. No momento em que o pastor sobe no pedestal, vai começar a ocultar a natureza do Evangelho.

A partir de que momento um pastor está subindo no pedestal?

Há muitos pastores que cultivam esse negócio de estar em um pedestal, porque, assim, eles não têm que lidar com pessoas. Preferem lidar com as ovelhas apenas no papel de pregador, conselheiro, guia espiritual ou qualquer outra coisa. Há muitas maneiras de se conviver com a forma estereotipada dessa relação. Mas, quando você se torna um amigo, a coisa é outra. Quando saí da Christ our King Chruch [Igreja Presbiteriana Cristo Nosso Rei, fundada por Peterson em 1962, em Maryland], onde estive por 30 anos, eu realmente não me preocupava com o estilo de vida daquelas pessoas – e, para dizer a verdade, eu não tinha amigos que eu chamaria realmente de “amigos”. Mas, quando eu saí, não posso lhe dizer quantas pessoas de lá me disseram que eu era o melhor amigo que já tiveram. Agora, eu era amigo em outro sentido, já que, de alguma forma, houve alguma qualidade na relação que transmitia que eu me preocupava com eles, conhecia os seus nomes, sabia os nomes de seus filhos – ou seja, não era apenas aquela coisa social. Muitas vezes, convidávamos pessoas para um jantar porque estavam com problemas, mas eu não tinha um relacionamento de amizade com muitas dessas pessoas; simplesmente era amigo porque era disponível para elas. É assim que eu acho que um pastor deve ser.

Ultimamente, com a disseminação dos chamados ministérios de tempo integral, tem havido profissionalização de diversas funções eclesiásticas, inclusive as de pastor e obreiro. Qual sua opinião sobre isso?

Eu acho que o profissionalismo na vocação pastoral é mortal, porque isso afeta a todos. Nós compartilhamos algo bem básico com nossas congregações. Estamos compartilhando a vida de Cristo, maneiras como seguir a Cristo. Os pastores devemos tratar os leigos com dignidade e honrar o seu trabalho, tanto como eles honram o nosso, e aceitá-los como iguais em termos de serviço no Reino de Deus e na vivência da vida cristã. Contudo, o profissionalismo que permeia nossas igrejas não confia nos leigos. Hoje, contratamos profissionais para fazer tudo. Em vez de confiar nos irmãos para fazer o trabalho do povo de Deus, contratamos alguém para fazê-lo, e é assim que profissionaliza tudo na estrutura eclesial. Desenvolvemos hierarquias e sistemas hierárquicos na igreja, e isso sutilmente elimina o senso maior de comunidade. Eu diria que a melhor maneira de superar o profissionalismo é confiar. O pastor deve aprender a confiar aos leigos a responsabilidade de serem iguais a ele em termos de status no reino de Deus.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A QUEM VOCÊ PRESTA CONTAS?

Prestar contas a alguém significa abrir a sua vida para alguns amigos cuidadosamente escolhidos e de confiança, que lhe dirão a verdade. Eles conquistaram o direito de examinar, de questionar e de aconselhá-lo. Salomão disse: “As feridas feitas por um amigo são melhores do que muitos beijos de um inimigo” (Pv 27:6 NLT). Pense nisso!

“O que se requer destes encarregados é que sejam fiéis.” 1 Coríntios 4:2 NVI

As pessoas que aceitam prestar contas geralmente possuem quatro qualidades. Verifique e veja se você as possui:

1) São vulneráveis – capazes de saber quando estão erradas e de admiti-lo, mesmo antes de serem confrontadas.

2) São ensináveis – estão dispostas a ouvir, são rápidas em aprender, e estão abertas para receber conselhos.

3) Estão disponíveis – elas são acessíveis; você sempre pode encontrá-las.

4) São sinceras – elas odeiam tudo que é falso; são comprometidas com a verdade independente do quanto ela possa ferir alguém.

Você diz: “Este padrão é muito alto”. Você está certo!É um padrão com o qual o orgulho não consegue lidar e que os egos frágeis não tolerarão. Esses preferem parecer bons em lugar de serem bons!

Não me entenda mal – não estou sugerindo que qualquer pessoa tenha acesso à sua vida. Não, isto é perigoso. Eu disse alguns amigos escolhidos, confiáveis, discipuladores, mentores espirituais, pessoas que conquistaram o direito de andarem ao seu lado, e de fazerem, no momento oportuno, as perguntas certas. Elas darão a você uma nova perspectiva e com sabedoria, ajudarão a manter você nos trilhos. Paulo confrontou Pedro. Natã confrontou Davi. Quem confronta você?

"Confessem suas faltas uns aos outros e orem uns pelos outros, a fim de que vocês possam ser curados" (Tiago 5.16)

PEDRAS REMOVIDAS

Um texto famoso de Carlos Drumond de Andrade registra uma pedra no meio do caminho. Lendo-a, pensamos logo nos obstáculos que encontramos à nossa frente. Muitas vezes consideramos pessoas e circunstâncias como essas 'pedras' que, retardam nosso avanço, machuca-nos os pés (e também o coração), nos levando a estagnação completa.

A Bíblia também fala sobre pedras, mas para nosso conforto e esperança, as mostram sempre como removidas, ou seja, retiradas de nosso caminho, desobstruindo totalmente nosso acesso aos designios e destinos de Deus para nós.

Uma dessas pedras foi a que um grupo de pessoas removeram para que o ex-morto Lázaro deixasse o lugar e a experiência de morte para viver uma nova vida (João 11). Penso que as pessoas mais chegadas ao irmão de Marta e Maria, juntando com os discípulos foram que puseram as mãos naquela pedra para que o morto a quatro dias ressurgisse. Quero que reflita comigo o seguinte: Nada adiantaria o esforço humano sem a ordem do Senhor. Mesmo as coisas que nós podemos fazer dependem cem por cento do agir e direção de Deus. Mesmo a sua parte no milagre precisa ser feita sob total dependência do agir de Deus primeiro.Só remova certas pedras depois que sair a ordem, senão vai feder pra caramba!

Uma outra pedra removida foi testificada por um grupo de mulheres sofridas e tristes, que de madrugada levavam aromas ao túmulo de Jesus. Sabemos que a desesperança tomava conta de seus corações e ainda contavam com a fragilidade física por serem mulheres. Sequer pararam para refletir que não conseguiriam por si próprias removerem a pedra que lacrava o sepulcro. Mas, de forma milagrosa, ao chegarem ao túmulo eis que a pedra estava removida (Lc.24). Aqui analisamos da seguinte forma: A pedra foi removida para que elas entrassem ou para que Jesus saísse? O túmulo aberto significaria que o Filho de Deus ressuscitou, estava vivo. E uma pedra não era obstáculo para Jesus; pois em seguida ao seu ressurgimento Ele atravessou uma parede para estar num cômodo com seus discípulos amedrontados. Creio que Deus viu a paixão contemplativa daquelas mulheres e removeu-lhe as pedras para que contemplassem a glória de Deus. Pedras serão removidas porque o Senhor conhece o peso de cada uma delas, e a capacidade de cada um de nós.

Não se desespere! Em meio ao impossível e ao sofrimento pessoas sob direção do Senhor removerão suas pedras; e em circunstâncias diferentes seres angelicais, que conhecem nossas fraquezas e incapacidades farão esse esforço por nós.Em ambas as pedras removidas, a glória e o poder sejam creditados a Deus!

Carinhosamente,
Pr. Silvio Duque

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

OS TRÊS ANOS ANTES DO PENTECOSTES

Esses três anos antes do Pentecostes foram essenciais ou acidentais? Que relação existe entre aqueles três anos e a explosão de Pentecostes? Será que uma igreja que cresce e se multiplica surge de uma hora para outra?

O Pentecoste não foi um evento isolado. Os três anos anteriores foram vitais para que o que haveria de acontecer depois. Pentecostes está ligado àquela comunidade de discípulos, pequena e crescente: primeiro 12, depois 70, depois 120, depois 500 e 3.000.

Imagine essa situação! O Espírito Santo não veio até que Jesus tivesse preparado a comunidade. A comunidade foi essencial para a obra do Espírito e aqueles três anos foram necessários para o desenvolvimento daquela comunidade. O que os discípulos precisavam aprender antes de estarem prontos apara ser usados como parte da comunidade depois de Pentecostes? Eles precisaram aprender o seguinte:

COMUNIDADE: Precisaram experimentar comunidade, aprender a lidar com o perdão mútuo, aprender a carregar a carga uns dos outros, entrar em comunão espiritual.

PODER: Precisaram aprender a depender do poder de Deus e não apenas de si mesmos. A típica igreja de Jesus não vai funcionar apenas com as habilidades humanas. Por isso, os líderes devem aprender a permitir que o seu poder espiritual dirija a igreja.

FÉ: Aprenderam a andar pela fé. Por diversas vezes a sua confiança e fé foram testadas além dos limites humanos. Mas foi necessário porque a comunidade n´~ao funcionaria sem esse tipo de fé.

COMPROMISSO: Eles aprenderam a se comprometer completamente com Ele. Não poderia haver outras condições e reservas se a
Sua Igreja quisesse ser bem-sucedida.

PRESENÇA VIVA DE CRISTO NELES: Aprenderam sobre a presença viva de Cristo no meio deles, mesmo depois de Ele já não estar com eles fisicamente.

VISÃO: Eles precisaram entender a visão do reino espiritual de Deus sobre a terra e aprender que essa visão não era política nem física.

UNIDADE: Precisaram experimentar o significado da unidade espiritual em Cristo. Essa unidade não deveria estar baseada em crenças ou práticas comuns, mas em um Senhor comum.

ESPÍRITO DE SERVO: Eles precisariam aprender a ser servos e a lavar os pés uns dos outros. Essa foi a última lição ensinada por Jesus a seus discípulos no Cenáculo. Os líderes somente vão aprender essa lição enquanto o movimento ainda for simples e pequeno.

Jesus ensina essas mesmas lições essenciais em nossos dias se estivermos dispostos a andar com Ele pelos seus estágios iniciais de crescimento. Será que deveríamos negligenciar os estagios iniciais pelos quais Cristo nos ensina a ser a sua comunidade essencial?

Bill Beckham