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Uma página aberta para a reflexão e restauração da saúde do pastor e de sua familia.

terça-feira, 17 de maio de 2011

QUANDO O QUE CUIDA PRECISA DE CUIDADOS

Inicio esse artigo com um trecho do livro 'O mestre inesquecível', de Augusto Cury, ao abordar a necessidade de entendermos nossa humanidade, as crises que passamos e o abalo emocional que podemos sofrer, independente de sermos líderes, pastores, padres, executivos etc.
Ele diz: "...muitos acham que um transtorno emocional é sinal de fragilidade e de pequenez intelectual. Esse conceito existe tanto no meio acadêmico quanto, principalmente, nos meios religiosos. Ledo engano. A depressão e a síndrome do pânico, por exemplo, costumam atingir as melhores pessoas da sociedade, as mais sensíveis, afetivas e humanas...Elas são boas para os outros, mas péssimas para si mesmas. Cuidam dos outros, são incapazes de prejudicá-los, mas não sabem cuidar de si mesmas".

Esse é um quadro real na vida de muitos pastores que hoje se vêem abalados emocionalmente e profundamente desgastados pelo estresse do ministério.Perplexos porque nunca se preveniram para esse tipo de situação, e sequer acreditavam que poderia acontecer com eles. Sentiam-se imunes às doenças emocionais. Entenderam da pior forma que são iguais a todas as pessoas. Esses homens aprenderam que é importante dar a vida por outras pessoas, ajudá-las mesmo quando não devem, e entram no colapso da exaustão.

Foi prevendo esse desgaste que o apóstolo Paulo em 2 Tm. 5 advertiu a Timóteo a se cuidar. Ele alerta que nos últimos dias a humanidade desenvolveria comportamentos tipicamente doentios, como egoismo, ganancia, insensibilidade, autoritarismo, agressividade etc.(v.1,3). Pessoas com essas tendências seriam (são) membros de nossas igrejas hoje. E evidentemente passariam a exigir muito mais de sua liderança.

Depois de mais algumas admoestações Paulo se dirige especificamente ao amigo pastor e alerta: "Cuide de você mesmo..." (v.16a). O que cuida dos outros sempre precisará de cuidados para que não chegue ao limite de sua saúde e sanidade, para não perder o equilíbrio e o controle de si mesmo. Infelizmente muitos lideres chegaram a esse ponto.

Com treze anos de ministério pastoral, vivi negando meus conflitos emocionais acreditando de forma errada que eu não poderia viver uma depressão ou um esgotamento intenso. Me entregava as atividades da igreja aceitando que nada podia me parar. Ajudei muitas pessoas com crises depressivas, encaminhei membros para psicólogos amigos, mas jamais queria me diagnosticar muito menos buscar ajuda.Sabia que tinha algo de errado, mas achava que não poderia dar um tempo nas atividades para me tratar. Espiritualizando o problema, dizia que Deus me curaria, ou que era apenas cansaço. Para encurtar a história, caí em profunda depressão e precisei deixar a igreja para me tratar. Eu não quis parar, então a crise me parou.

Por seis meses me coloquei num processo de restauração. Fiz terapia por alguns meses, o que me ajudou, mas o melhor de tudo foi o aprendizado que tudo isso me trouxe. Minha familia foi a única a me apoiar, velhos companheiros desapareceram e passei a conhecer um Deus que nunca experimentara. Me identifiquei com Jó em sua teologia do sofrimento, mas, o mais maravilhoso foi passar a me relacionar melhor com o Deus da graça. Deitei em seu colo e recebi aceitação, chorei em seus ombros e percebi suas mãos recolhendo cada gota de minha dor, Senti o quanto me amava e estava disposto a cuidar de mim naquele momento, Trabalhou comigo principalmente a quietude no coração e a paciência. Contemplei um Deus de pleno amor e doçura, diferente do carrasco pronto a punir quando falhamos, (muito pregado por aí), que não me ataca furiosamente nas horas em que tenho medo; mas que é refúgio e fortaleza nas horas de grande angústia.

Venho me restaurando a cada dia que passa. Mas hoje tenho visto algo preocupante: A minha história se repetindo na vida de muitos outros pastores. Tenho compartilhado o que vivi e há pronta identificação em muitos colegas de ministério. Talvez você seja um pastor precisando de cuidados. Te digo que, se não se tratar, não conseguirá ajudar ninguém em seu rebanho. As doenças emocionais assolam a sociedade de forma intensa e agressiva. E por que nós, pastores e líderes, estariam excluídos desse grupo? Lembre-se das palavras do especialista em transtornos emocionais: "A depressão e a síndrome do pânico costumam atingir as melhores pessoas da sociedade, as mais sensíveis, afetivas e humanas" . Quem são essas pessoas, senão os homens e mulheres de Deus?

O espaço deste blog existe para oferecer aos pastores e pastoras uma opção de reflexão, um divã para repensar a postura e uma página de meditação e quietude em meio ao caos emocional instaurado em nossa sociedade, pelas cobranças e ativismo religioso.

Cuide-se já!

Que Deus te abençoe em Cristo Jesus.

Pr. Silvio Duque





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